{"id":7707,"date":"2018-07-23T16:02:29","date_gmt":"2018-07-23T19:02:29","guid":{"rendered":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/?p=7707"},"modified":"2019-07-16T13:42:11","modified_gmt":"2019-07-16T16:42:11","slug":"uma-discussao-sobre-aprendizado-em-equipes","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/2018\/07\/uma-discussao-sobre-aprendizado-em-equipes\/","title":{"rendered":"Uma discuss\u00e3o sobre aprendizado em equipes"},"content":{"rendered":"
Caso voc\u00ea tenha assistido alguma palestra sobre \u00e1gil na sua vida ou tenha participado de algum treinamento sobre o assunto, \u00e9 bem prov\u00e1vel que voc\u00ea tenha interagido com o conceito de Shu Ha Ri. Para quem n\u00e3o conhece, o nome tem origem no Aikido e foi introduzido no ambiente de desenvolvimento de software por Alistair Cockburn como uma forma de explicitar o grau de dom\u00ednio em determinada t\u00e9cnica ou m\u00e9todo. Assim como o aprendizado da arte marcial, Cockburn prop\u00f5e que uma pessoa passar\u00e1 por 3 est\u00e1gios at\u00e9 tornar-se proficiente. As etapas s\u00e3o:<\/p>\n
A partir de uma interpreta\u00e7\u00e3o livre do que o autor prop\u00f5e, \u00e9 como se diss\u00e9ssemos que as organiza\u00e7\u00f5es estariam aptas a fazer adapta\u00e7\u00f5es em t\u00e9cnicas ou metodologias a partir do momento em que elas transcendessem os tr\u00eas est\u00e1gios. Tal abordagem n\u00e3o difere do que foi proposto pelo psic\u00f3logo Benjamin Bloom em 1958. Segundo o\u00a0dom\u00ednio cognitivo descrito na teoria<\/a>, a pessoa estudante s\u00f3 consegue adquirir uma nova compet\u00eancia se ele tiver dominado e adquirido a compet\u00eancia do n\u00edvel anterior. Nomeada pelo psic\u00f3logo como Taxonomia dos Objetivos Educacionais, os n\u00edveis de habilidade elencados s\u00e3o:<\/p>\n Ao categorizar os indiv\u00edduos e organiza\u00e7\u00f5es em n\u00edveis dependentes dos anteriores, desenvolvemos um pensamento linear para um cen\u00e1rio que evolui em um formato geralmente desestruturado e que carrega um passivo de conhecimento antecedente. A partir de tal afirma\u00e7\u00e3o, te convido a responder: ser\u00e1 que faz sentido uma organiza\u00e7\u00e3o utilizar tudo o que \u00e9 descrito no\u00a0Scrum Guide<\/a>? Ser\u00e1 que ao seguir o checklist do\u00a0SAFe<\/a>\u00a0o \u00e1gil ser\u00e1 escalado no seu neg\u00f3cio? Ser\u00e1 que faz sentido utilizar uma abordagem evolucion\u00e1ria como o\u00a0modelo de maturidade do Kanban<\/a>\u00a0para avaliar o qu\u00e3o \u00e1gil meu neg\u00f3cio est\u00e1 se tornando?<\/p>\n Ao estudar sobre teorias de aprendizagem e atuar em empresas “\u00e1geis” (sugiro a leitura do artigo sobre como analisar a\u00a0maturidade da agilidade no neg\u00f3cio<\/a>) ou em “processo de transforma\u00e7\u00e3o” (tem um texto bacana sobre dicas para encarar\u00a0os desafios de uma transforma\u00e7\u00e3o \u00e1gil<\/a>), percebi que r\u00f3tulos (categorias ou n\u00edveis) n\u00e3o respondem como as organiza\u00e7\u00f5es e as pessoas aprendem a serem \u00e1geis.<\/p>\n A pedagogia apresenta tr\u00eas poss\u00edveis formas dos indiv\u00edduos aprenderem. A seguir, descreverei um paralelo de tais teorias com o que tenho observado em ambientes que buscam desenvolver a capacidade de ser \u00e1gil.<\/p>\n O que \u00e9 o Behavorismo?<\/strong><\/p>\n O behaviorismo (ou comportamentalismo) \u00e9 uma vis\u00e3o de mundo que opera sobre um princ\u00edpio de est\u00edmulo e resposta. Todo comportamento \u00e9 causado por est\u00edmulos externos e pode ser explicado sem a necessidade de considerar estados mentais internos ou a consci\u00eancia.<\/p>\n A pessoa estudante come\u00e7a como uma caixa vazia e o comportamento \u00e9 moldado atrav\u00e9s do refor\u00e7o positivo ou negativo. Tanto o refor\u00e7o positivo quanto o refor\u00e7o negativo aumentam a probabilidade de que o comportamento antecedente aconte\u00e7a novamente. Em contraste, a puni\u00e7\u00e3o (tanto positiva quanto negativa) diminui a probabilidade de que o comportamento antecedente aconte\u00e7a novamente. A aprendizagem \u00e9, portanto, definida como uma mudan\u00e7a de comportamento no aprendiz (deixo aqui um\u00a0v\u00eddeo<\/a>\u00a0para ilustrar a explica\u00e7\u00e3o).<\/p>\n Minha cr\u00edtica para esta corrente te\u00f3rica se d\u00e1 na premissa de ignorar o passado cognitivo das pessoas. Em minha opini\u00e3o, a pessoa aprende a partir do momento em que ela critica aquilo que ela j\u00e1 sabe a fim de gerar novas conex\u00f5es.<\/p>\n Fazendo um paralelo com disseminar uma cultura \u00e1gil, tal abordagem \u00e9 utilizada quando desejamos que as pessoas mantenham o que est\u00e1 ocorrendo bem e mudem de comportamento ao interagirem com resultados que n\u00e3o s\u00e3o t\u00e3o interessantes (ciclos de feedback observados em retrospectivas, revis\u00f5es de OKRs, operations review do Kanban etc.).<\/p>\n O lado negativo deste paradigma se d\u00e1 quando h\u00e1 o refor\u00e7o de comportamentos pouco efetivos para o neg\u00f3cio pelo simples fato de estarem atrelados a puni\u00e7\u00f5es ou metas. Alguns exemplos seriam:<\/p>\n O que \u00e9 o Cognitivismo?<\/strong><\/p>\n O paradigma cognitivista argumenta que a “caixa preta” da mente deve ser aberta e compreendida. A mente do aprendiz \u00e9 como um computador: a informa\u00e7\u00e3o entra, \u00e9 processada e gera certos resultados.<\/p>\n O aprendizado \u00e9 definido como uma mudan\u00e7a nos esquemas mentais de um aprendiz. Diferentemente do behavorismo, as pessoas n\u00e3o s\u00e3o programadas como animais que respondem ao est\u00edmulo externo. As pessoas s\u00e3o seres racionais que j\u00e1 possuem um saber e precisam de uma participa\u00e7\u00e3o ativa para aprender. Neste sentido, um bom feedback \u00e9 fundamental para guiar e dar orienta\u00e7\u00e3o para que ocorram as conex\u00f5es mentais (deixo como dica uma palestra maravilhosa da Mari Graf sobre feedback<\/a>).<\/p>\n Esse tipo de forma de aprendizado leva em considera\u00e7\u00e3o que n\u00e3o h\u00e1\u00a0bala de prata<\/em>\u00a0ao ensinar algu\u00e9m. A mensagem que fica por tr\u00e1s deste estilo \u00e9: para aprender \u00e9 importante desenvolver um pensamento cr\u00edtico.<\/p>\n Conectando tal teoria com o universo \u00e1gil, chegamos \u00e0 conclus\u00e3o que voc\u00ea ou sua organiza\u00e7\u00e3o n\u00e3o ser\u00e3o \u00e1geis por aplicarem ou repetirem o que est\u00e1 descrito em treinamentos ou manuais Kanban, Scrum, SAFe ou de qualquer outro m\u00e9todo.<\/p>\n O neg\u00f3cio s\u00f3 entregar\u00e1 mais valor, de forma incremental, centrada no usu\u00e1rio e com feedbacks mais r\u00e1pidos a partir do momento que as pessoas:<\/p>\n Por fim, essa abordagem nos faz gerar questionamentos como:<\/p>\n O que \u00e9 o Construtivismo?<\/strong><\/p>\n O paradigma construtivista define que o conhecimento \u00e9 produzido com base em experi\u00eancias pessoais e hip\u00f3teses do ambiente. Cada pessoa tem uma interpreta\u00e7\u00e3o e constru\u00e7\u00e3o diferente do processo do conhecimento. A pessoa estudante n\u00e3o \u00e9 uma caixa vazia, mas traz experi\u00eancias passadas e fatores culturais para uma situa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Esta linha pedag\u00f3gica entende que o aprendizado se d\u00e1 a partir de uma pesssoa mediadora e o detentor de um conhecimento pr\u00e9vio (a pessoa estudante). Assim, o mediador deve criar condi\u00e7\u00f5es para que o detentor do saber vivencie situa\u00e7\u00f5es e atividades interativas, nas quais ele pr\u00f3prio construa novas compet\u00eancias.<\/p>\n Conectado com tal defini\u00e7\u00e3o, o livro\u00a0How Creative Workers Learn: Improving creativity and learning in order to build successful careers during the XXI century<\/a>\u00a0de Alexandre Magno nos faz refletir sobre a responsabilidade do indiv\u00edduo no aprender. Sabendo que somos seres em busca de conhecimento, a obra apresenta tr\u00eas modelos de aprendizado onde somos receptores de conte\u00fado (1.0) ou esperamos respostas de um especialista a partir de nossas d\u00favidas (2.0) ou quando somos protagonistas do aprendizado (3.0). Sobre o modelo 3.0, a obra traz que o fluxo de aprendizado passa pelas etapas de problematiza\u00e7\u00e3o, pesquisa, conex\u00e3o, pr\u00e1tica e compartilhamento.<\/p>\n Interligando tal conceito com agilidade nas organiza\u00e7\u00f5es, defendemos que para se aprender, \u00e9 necess\u00e1rio fazer. Nesta l\u00f3gica, a filosofia de construir, medir e aprender permitir\u00e1 que os ambientes criem robustez para lidar com as adversidades e a competi\u00e7\u00e3o inerente ao mercado. Tal paradigma me faz refletir sobre alguns questionamentos:<\/p>\n Conclus\u00e3o<\/strong><\/p>\n Este texto foi um convite para refletirmos que existem diferentes formas de aprendermos e n\u00e3o ser\u00e1 uma sequ\u00eancia l\u00f3gica que nos transformar\u00e1 em uma pessoa mestre do saber. E voc\u00ea, como sua organiza\u00e7\u00e3o tem aprendido a desenvolver agilidade no neg\u00f3cio?<\/p>\n Deixo aqui algumas dicas aos interessados em se aprofundar mais nos temas abordados neste blog post:<\/strong><\/p>\n Caso voc\u00ea tenha assistido alguma palestra sobre \u00e1gil na sua vida ou tenha participado de algum treinamento sobre o assunto, \u00e9 bem prov\u00e1vel que voc\u00ea tenha interagido com o conceito de Shu Ha Ri. Para quem n\u00e3o conhece, o nome tem origem no Aikido e foi introduzido no ambiente de desenvolvimento de software por Alistair … \u00bb<\/a><\/p>\n","protected":false},"author":43,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"ngg_post_thumbnail":0,"footnotes":""},"categories":[3],"tags":[123,292],"aioseo_notices":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7707"}],"collection":[{"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/43"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=7707"}],"version-history":[{"count":3,"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7707\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":9163,"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7707\/revisions\/9163"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=7707"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=7707"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/blog.plataformatec.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=7707"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}\n
<\/a>Teorias de aprendizagem<\/h2>\n
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