A Confiança Como Aspecto De Valorização Das Pessoas

Imagine que você faz parte de um time de desenvolvimento de software. Até aqui, muito fácil! Agora, pense que esse mesmo time trabalha sob forte supervisão, com cobranças contínuas e frequentes, horário de trabalho rígido e vivencia as famosas frases “o que você está fazendo neste site?”, “preciso disso agora!”, entre tantas outras. Há confiança nas pessoas neste cenário? Pode até existir, mas será que não há formas mais produtivas de gerenciamento?

Resgatando a raiz do ágil, no final de seu 5º princípio, há o termo de confiar que os indivíduos (pessoas) farão seus respectivos trabalhos, contanto que estejam em ambientes apropriados. Não faz sentido acreditar que a valorização deste time está – também – relacionada com a confiança que a empresa deposita nele?

Trabalhando a questão nos projetos de software

Vivemos em uma época em que um dos principais diferenciais competitivos das organizações (e provavelmente o mais relevante deles) são as pessoas. Logo, é fundamental fomentar a colaboração entre elas, disponibilizando mecanismos de comunicação adequados e um ambiente propício para o trabalho (seguro e com todos os itens necessários), bem como, seguindo no tema desta newsletter, prover confiança.

No texto Cresce a adesão aos métodos ágeis, Luca Bastos argumenta que “As metodologias ágeis também têm como princípio básico a valorização das pessoas”. Ele também lembra que isso está explícito no Manifesto Ágil, em sua primeira proposição, onde encontramos o trecho indivíduos e interações mais que processos e ferramentas.

Confiar que os membros do time do projeto são responsáveis, sabem da necessidade do cliente e da empresa, possuem maestria e que conhecem os objetivos do projeto são fatores que motivam a equipe e, além disso, são formas de valorização. Isso não significa largar o projeto para as pessoas, muito menos ausência de direcionamentos. O ponto é: o representante no papel de liderança deve estar sempre presente para conceder apoio e suporte para toda a equipe, bem como apresentar os objetivos do projeto, construindo o caminho do desenvolvimento da solução de forma conjunta. Por outro lado, não precisa se preocupar demasiadamente com pontos que não são relevantes para o projeto, seguindo o exemplo apresentado no início deste texto.

O artigo (em Inglês) Como melhorar a confiança entre os membros da equipe, escrito por Lucas Colucci, aborda o aspecto da confiança de forma mais aprofundada. Ele, que atua como Agile Consultant na Ptec, cita que “Equipes com deficiência de confiança tendem a demorar mais tempo para entregar suas tarefas”. Trabalhar nas esferas da transparência, carga de trabalho e individualidade são complementos da confiança existente na equipe, todas abordadas no artigo (vale a leitura!).

A colaboração como meio de alcançar a confiança

Disponibilizar meios de colaboração para a equipe (ferramentas, ambiente de trabalho adequado, etc.), e deixar que ela própria se organize para trabalhar da melhor maneira possível para o projeto, são maneiras de demonstrar confiança e, dessa forma, valorizar os colaboradores do time por suas capacidades (no caso de software, muito relacionadas com intelecto e criatividade).

Times auto-organizados precisam que seus membros colaborem em todos os aspectos do projeto, e muito! Pensando no desenvolvimento, onde as entradas são transformadas em saídas através de um processo, a colaboração deve estar fortemente presente em todo o percurso. Uma forma de trabalhar este ponto é promovendo a colaboração nos três níveis (entradas, processos e saídas), como explicado por Wesley Zapellini no texto 5 estratégias para melhorar o fluxo de trabalho de desenvolvimento de software (em Inglês).

E como os projetos de sua empresa estão caminhando?

A confiança no time, seja ela incentivada, ou não, pela colaboração em todo o processo de desenvolvimento, não é o único meio de alcançar a valorização das pessoas em projetos. É, no ponto de vista deste artigo, um complemento relevante e indispensável em meio a vários outros aspectos (salário, carreira, desafios, segurança, entre outros). Mas vale a pergunta: em seu projeto, há plena confiança nas pessoas? Se a resposta for não, é importante repensar este aspecto, pois ele provavelmente irá refletir nos resultados esperados do projeto.

 

Este texto também faz parte da ContÁgil, nossa newsletter mensal com curadoria de conteúdo pela equipe da Plataformatec sobre gerenciamento de projetos, metodologias e cultura ágil. Se você ainda não é assinante, assine agora! 🙂

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