Estilos de liderança para gestão ágil

Para começar a pensar nisso, talvez a pergunta inicial seja: qual o papel de um agilista? Para mim o nosso papel é servir o time, liderá-los, motivá-los e influenciá-los para que eles possam desenvolver ao máximo suas capacidades.

O Scrum possui o papel do Scrum Master para resolver bloqueios e ajudar o time a conduzir as cerimônias. O guia ágil do PMI tem um capítulo inteiro falando sobre liderança servidora. No Kanban, apesar de não termos explicitamente em seus princípios o papel de um líder do processo, alguém deve ajudar o time a organizar o fluxo e pensar nas melhorias.

Na Plataformatec temos o papel do GPA (gerente de projetos ágeis). Além do nosso foco em oferecer análise de métricas, facilitamos cerimônias e pensamos na melhoria contínua do sistema. Para isso, saber lidar com pessoas é parte fundamental do trabalho.

Tipos de liderança

Existem algumas maneiras de pensar em liderança. Podemos ser ditadores ou democratas, podemos ter um poder oficial do nosso cargo ou um poder pelo fato do time nos reconhecer genuinamente como um líder.

Pensando em ditadores ou democratas Robert Tannenbaum propõe uma escala de sete degraus entre um extremo e outro.

Eu particularmente acredito que o modelo democrático funciona melhor, porém, entendo que adotar um comportamento de delegar totalmente pode não ser o ideal logo de início. Precisamos entender a maturidade do nosso time, talvez antes desses profissionais trabalharem conosco podem ter passado por locais e líderes que nunca lhes deram autonomia ou talvez o time ainda esteja no início de seu caminho para a autogestão.

Sugiro que comece no nível 4 ou 5. Nosso papel é ajudar o time a evoluir nessa escala, permita que gradualmente entendam a sua autonomia para cada situação, o nível de responsabilidade e permitindo que tomem suas próprias decisões.

Existe um outro viés de estudo que aborda como um líder se importa com a relação pessoas X produtividade. É um assunto relevante mas como nesse texto estamos focados em líderes servidores, vamos abordar isso em um próximo post.

Como se empoderar para servir o seu time.

Como consultores, normalmente o nosso poder oficial é fraco: não podemos contratar, demitir, punir, recompensar ou interferir nos salários e benefícios das pessoas. Mas isso também pode ser a realidade do agilista “da casa”. Hoje em dia é cada vez mais comum que sejamos um par do time.

O clássico “faz, porque eu tô mandando”, que já não se aplica mais a times auto-organizáveis, é impensável quando queremos ser líderes servidores. Assim, fica nítido que precisamos liderar conquistando a confiança do time, mostrar que estamos buscando mudanças para melhoria de todos e que nos importamos com os nossos pares.

Para ser sucinto, vou falar dos cinco tipo de poderes que um líder deve desenvolver para servir seu time:

Conexões: Esse é baseado no seu relacionamento com outras pessoas. Conheça a empresa que você está trabalhando, saiba quem costuma se relacionar com seu time, quem pode ajudar a retirar bloqueios, quem são outros líderes e analistas que podem facilitar a conversa com outros times, quem pode fornecer os recursos que o seu time precisa. Além de se relacionar muito bem com essas pessoas, use essa rede de conexões à favor do seu time (e pelo bem da empresa) sempre que ele precisar.

Informação: Procure saber o que pode afetar o seu time e facilite a propagação dessas informações. Às vezes outros times estão trabalhando em tarefas que podem exigir algo nosso, às vezes precisamos lembrar o time sobre os objetivos do que fazemos. Aqui é importante ressaltar: saiba lidar com as informações delicadas e sigilosas de forma ética. Nunca minta ou distorça informações para manipular seu time ou a confiança será perdida completamente.

Expertise: É habilidade e conhecimento. Estude, estude e estude um pouco mais! Tenha conhecimento sobre  gestão ágil, sobre práticas, aprenda a organizar e facilitar cerimônias, aprenda dinâmicas novas e quando utilizá-las, saiba ler e interpretar métricas e use todo esse conhecimento para servir o seu time. As pessoas reconhecem e respeitam as opiniões de um expert. Faça cursos, treinamentos, workshops, participe de meetups e leia muito.

Referência: Seja companheiro e leal à sua squad. É importante lembrar que estamos lidando com pessoas e devemos nos importar com elas. Desenvolva carisma, empatia, mostre que você está com eles, aconselhe, ajude, guie! Uma dica que eu dou é: ao terminar uma retrospectiva peça permissão para ajudá-los e cobrar que eles sigam o plano de ações que vocês acordaram. Essa permissão fortalece a imagem de par e preocupação com a equipe.

Recompensa: Esse é um poder que normalmente não temos diretamente, mas eu gostaria de falar um pouco sobre duas coisas que podemos fazer: Primeiro, elogie! Quando alguém fizer algo bom para o time ou empresa, reconheça. Segundo, procure usar a sua posição para garantir que o bom trabalho do seu time e dos indivíduos seja reconhecido. E claro, nunca se aproprie do mérito de alguém.

Para quem tiver interesse em saber, a literatura fala de outros dois tipo de poderes: Coercitivo e Legítimo. Preferi não falar deles por acreditar que não se encaixam com o papel do líder servidor.

Espero que esse texto lhe ajude a refletir sobre como liderar e servir os seus times. Fique à vontade para deixar seus comentários, estamos sempre abertos para um bom bate-papo.

Em breve vamos falar mais sobre motivação, produtividade e soft-skills. Siga o blog da Plataformatec para saber quando novas publicações forem ao ar.

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